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VÍDEO: apesar das chuvas e das perdas, colheita de soja será maior que a de 2018

Joyce Noronha

Fotos: Gabriel Haesbaert (Diário)

As safras de arroz e soja 2018/2019 estão num dos momentos decisivos, de colheita, quando os produtores podem ver, de fato, quanto as lavouras produziram. Para boa parte dos agricultores, não foi uma safra tranquila, pois houve complicações desde o momento da preparação do solo. Teve ainda chuva em excesso e em escassez, em fases determinantes para as lavouras, alta de insumos, preços de venda abaixo do esperado e outros fatores. Mesmo assim, a produtividade da soja na região está atingindo média de 50 sacas por hectare, que representam uma alta de 6% a 7% sobre a safra passada, quando tinham sido colhidos, em média, 47 sacas. Já em relação ao arroz, a produtividade está tendo queda de 8,5%.

O assistente técnico regional em manejo de recursos naturais do escritório Regional da Emater Santa Maria, Luís Fernando Oliveira, conta que a área de plantio da soja na Região Central aumentou em 4% nesta safra. Porém, por causa das chuvas intensas de janeiro, os mesmos 4% foram perdidos com as intempéries.

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Já no município de Santa Maria, o crescimento deve ser de 5,5%, conforme o chefe do escritório municipal da Emater em Santa Maria, Guilherme dos Santos. Ele lembra que, na safra 2017/2018, houve um longo período de estiagem que afetou a produção do grão na cidade, principalmente em Santa Flora, maior produtora da cultura no município. Este ano, o problema foi a chuva em excesso, em janeiro, mas ainda assim, os produtores conseguiram manter a perda dentro das estimativas previstas antes do plantio.

O produtor Rafael Rossatto cultiva soja há seis anos e conta que esta colheita deve ser semelhante à de 2016, ano que ele considera a melhor safra desde que começou a trabalhar com essa cultura. Ele pontua que ter terrenos altos para as lavouras e uso de produtos bons auxiliaram a ter plantas com mais qualidade, sem doenças ou fungos. Em média, está colhendo 65 sacas por hectare. São Gabriel e São Sepé também estimam crescimento na produção, conforme os escritórios municipais.

INCONSTÂNCIA

Já os escritórios da Emater de outras cidades acreditam que a colheita vai ser menor que a safra 2017/2018. É o caso de Júlio de Castilhos, Rosário do Sul, Santiago e Tupanciretã, onde as lavouras foram prejudicadas pela chuva forte e constante em janeiro. Em muitas cidades, os produtores tiveram gastos extras devido à necessidade de replantio das lavouras. No caso de Tupanciretã, a Emater registrou casos em que os produtores precisaram fazer o replantio duas vezes.

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O extensionista da Emater de Tupanciretã, Gilberto Welzel, diz que 20% da área de cultivo passou por replantio. Ele cita que herbicidas, adubo e sementes estão entre os insumos mais caros da produção de soja, assim, os produtores precisaram desembolsar duas ou até três vezes com estes itens, o que reflete na alta do custo e na queda da margem de lucro dos agricultores.

BALANÇO PARCIAL DA COLHEITA

Confira como está o panorama parcial da colheita de arroz e soja em alguns municípios e no total da região

Arroz

Cidade
Área plantada (em hectares)Produtividade (estimativa de sacas por hectare)Produtividade (em relação ao ano passado)
Santa Maria6,2 mil151-15% a -20%
São Gabriel
23,8 mil151-8% a -12%
São Sepé
16,7 mil146Terá queda*
Rosário do Sul17,4 mil148Terá queda*
Região Central131 mil136-8,5%

*Percentual ainda indefinido

Fontes: escritórios do Irga

Soja

CidadeÁrea plantada  (em hectares)
Produtividade (estimativa de sacas por hectare)Produtividade (em relação ao ano passado)
Júlio de Castilhos
96 mil55-8%
Rosário do Sul35 mil30-15%
Santa Maria49 mil55+5,5%
Santiago47 mil55-5% a -10%
São Gabriel120 mil30+14%
São Sepé65 mil50+15% a +20%
Tupanciretã149 mil50-6%
Região Central951 mil50+6% a +7%

Fontes: escritórios da Emater

ÁREA MENOR E QUEDA DE PRODUTIVIDADE
A produção de arroz já tinha estimativa de diminuir mesmo antes das primeiras plantas da safra germinarem, porque o número de hectares plantados reduziu 14% - seja pela rotação de cultura com soja ou pela desistência dos produtores em investir no arroz, devido aos baixos preços. Além disso, as chuvas de janeiro atingiram muito as lavouras de todo o Estado, e na Região Central não foi diferente.

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O Diário buscou informações com os escritórios do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga). Em Santa Maria, segundo o agrônomo,Gionei dos Santos, as perdas ficaram entre 15% e 20%, por causa das chuvas em excesso. Foi muito acima da estimativa inicial da safra.

CUSTO X BENEFÍCIO
Os arrozeiros também sofreram com a alta dos insumos e, segundo a técnica orizícola do Irga de Rosário do Sul Juliana Sasso, provavelmente terão prejuízo na safra, principalmente os que sofreram perdas com as intempéries.

- Além das condições desfavoráveis do clima na região, os produtores vêm sofrendo com o custo cada vez mais alto de produção e a desvalorização do produto, gerando uma desmotivação, até mesmo para seguir na atividade orizícola - diz Juliana.

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A desvalorização a que a técnica do Irga se refere é a baixa no preço de venda da saca. Até ontem, Rosário do Sul tinha a saca de 50 quilos tabelada a R$ 39. Mesmo sem estimativa de melhora, técnicos e produtores avaliam que um bom valor de venda da saca seria entre R$ 50 e R$ 52. O Irga estadual projeta que o custo de produção da saca está na faixa de R$ 44. Portanto, para não ter prejuízo, é preciso ter produtividade muito alta.

PRODUÇÃO DE SOJA SOFRE COM NEGOCIAÇÃO ENTRE CHINA E EUA

Assim como os arrozeiros esperam melhoras no preço de venda das sacas, os produtores de soja também aguardam que aumente o valor atual da saca, que está, em média, a R$ 69 aqui na região. No mesmo período do ano passado, a saca de soja era comercializada a R$ 80. Um dos entraves na negociação do grão é a situação delicada entre China e Estados Unidos, que vivem um conflito comercial.

O assistente técnico regional em manejo de recursos naturais do Escritório Regional da Emater Santa Maria, Luís Fernando Oliveira, explica que a China é principal compradora da soja brasileira, que também compra o grão das terras do Tio Sam. Com problemas no quadro político entre os países, o Brasil sofre com a falta de navios no porto de Rio Grande, rota de escoamento da soja do Rio Grande do Sul para o Exterior.

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